Ao Teu Lado
Quero ser o teu poeta,
Quero exortar o mundo, quero ouvir a tua voz no canto dos pássaros
Quero acreditar em musas, em sereias que emergem dos mares
Enquanto me soergo do leito e te contemplo,
Num assombro luminoso que me desconcerta
Que te alumia em mim, e acorda do sonho
Emanando um aroma que me inebria num pulsar descontrolado
Velado pela macieza das tuas mãos no meu peito.
Quero exorcizar medos,
Reencontrar lugarejos que nos acolheram, sozinhos,
Perdidos na imensidão da ausência,
Enquanto exalava a fragrância de jasmim
Protagonista de reminiscências de ti, distante, só.
Foste heroína dos meus sonhos,
Na alvorada, desesperei sofregamente por rever o teu rosto.
Do sonho apagado.
Na aurora da vida, encontrei-te em gestos raros,
Foste o remanso da minha alvorada.
Vi-te desenhada no horizonte
Em nuvens de definido recorte,
Imaginei tsunamis que delas irrompiam,
E me refrescavam da tua essência
Num colapso de medo e saudade
Que depurava o meu pensamento
E toldava a paisagem de azul.
Em contos de embalar adormecia
E sem saber, eras protagonista no palco,
Desses contos que me enlevaram no escuro
No regaço dos lençóis que sobejavam de calor
Enquanto a voz materna me aquecia,
Adocicava a minha alma, e pelos portões dos sonhos
Me esperavas ali pertinho,
Com um sorriso cândido e doce,
Tão perto e tão distante,
Escondida, ausente além deste mar.
Passaram muitos anos,
Vivemos nas ondas do mundo,
Nas vicissitudes que a vida deixou
Voando sobre as planícies do amor,
Nas agruras das tempestades da vida
E de mansinho, nossos âmagos reencontram-se
E de quadrantes incertos
Emerge a esperança de um abraço
Num reencontro de magia,
Que a lonjura capitula em afastar,
Cingindo-nos ao vento que sopra da eternidade
E nos envolve para amar.