terça-feira, junho 01, 2010

A Ponte dos Salmões


Mundialmente conhecida, a carrick-a-rede é uma ponte de corda e tábuas, cujo nome tem origem na língua ancestral dos irlandeses: o gaélico. Ainda permanece como uma das línguas oficiais da Irlanda, sendo este, por conseguinte, um país bilingue. Foi construída por pescadores locais para permitir acesso a uma ilhota que, irrompendo pela costa, alcança uma corrente marítima que, na época da migração dos salmões, lhes dá orientação, deixando os peixes mais incautos e gulosos, à mercê dos astutos pescadores. Todavia, o acesso destes àquele pesqueiro obrigava a riscos, daí que tivessem construído esta ponte que, pelo enquadramento e material, faz lembrar enredos aventureiros do género da saga de Indiana Jones. Eis que, com o desenvolvimento da pesca, a sua utilização passou a ter interesse para visitantes, acto contínuo até se aperceberem que o potencial turístico era enorme, revelando-se actualmente bastante frutuoso.
Mais adiante surpreender-se-ão como se pode utilizar a natureza, no seu estado natural, selvagem, para potenciar uma região e valorizá-la, com o consequente ressarcimento em riqueza e postos de trabalho. Pena que muitos tenham potencialidade para valorizar estas belezas e, de forma incompreensível, estejam a delapidá-las. Aqui, de uma ponte modesta conseguiu-se difundi-la e torná-la numa atracção turística que acolhe inúmeros visitantes; foi meritória esta sensibilidade para potenciar este recurso, aparentemente rudimentar, mas com um enquadramento ímpar que proporciona aos visitantes, um inigualável deleite.
Atravessar a ponte foi um desafio fácil, não requer equilíbrio, apenas tolerância às vertigens. O simbolismo desta travessia, aliado à paisagem envolvente, torna esta experiência singular. Fui agraciado por aves marinhas que nunca tinha avistado, e ainda por sensações que lugares assim, selvagens e autênticos, conseguem despertar.