domingo, setembro 02, 2007

Porquês de Girassol



Foto tirada daqui

Persegue-me a ideia peregrina de semear um girassol. Não aconselho que façam exercícios mentais que perscrutem uma razão plausível, nesta minha desordem. Hipóteses? São variadas e multifacetadas, abarcando foros de vária índole. De facto, não abundam planícies de girassóis na ilha. Nem tão-pouco, as planícies, apenas a imensidão plana de mar. É tudo tão abrupto e agreste, mas a virtude escasseia. Não no abrupto e na rocha dura, mas no barro, na perfídia bolorenta de certas mentes. Lá, nas planícies de mar, os girassóis perfumariam um interior azulino e profundo, mas jamais descerrariam no seu esplendor. Quero ver as flores! E, porquê um girassol? Dizem os compêndios seculares que esta flor simboliza o orgulho e a nobreza. Outros falam de lealdade e condutas a ela aparentadas. Mas pegaria no orgulho e nobreza; hirta, a flor do girassol centra a sua estrutura floral no astro sol e segue-o obediente. É uma flor que personifica a nobreza, e cultiva o paganismo. Esta veneração à energia solar é uma sincronia com a natureza, é uma comunhão plena com a essência da vida.
Mas, porquê esta obsessão pelo girassol? Quando crescido, compreendi certa revolução, e as flores simbolizaram-na. Persegue-me esse desejo marginal de revolucionar algo, com flores. Só vive plenamente quem passa por uma revolução. Por causas! Creio que a força desta flor está patente na sua postura erguida, soberana e nobre. Na verdade quero colorir a Madeira de girassóis, quero que estas flores irradiem a sua nobreza e se dispersem pelo abrupto do relevo, exorcizando o opróbrio. Que o diluam na sua virtude e desencadeiem um movimento de floração invencível. Quero que a espiritualidade desta flor, patente no seu culto à natureza, inculque noutros seres, a urgência de respeito e comunhão harmoniosa com o Cosmos. Quero que o amarelo das suas flores, orientado para a luz, indique um fito, um Sul tépido e sereno, quero que mostre um caminho que nos livre da encruzilhada trôpega do comodismo. Quero o girassol na minha varanda! Sem mais espaço, fico-me por um exemplar, mas contem comigo para esta trama. A conspiração consumar-se-á em cadência paulatina. A pouco e pouco, estes mensageiros de uma missiva divina, chegada por correio, irão desencadear a revolução, graças à potencialidade de transformar grãozinhos pretinhos num imaginário que idealizo: de Verdade! Girassol cresce, cresce…

4 Comments:

At 12:37 da tarde, Blogger Rubi said...

Quando vejo girassóis lembro-me sempre de Van Gogh. Neste caso, as suas palavras parecem evidenciar vontade de libertação.Às vezes nem o infinito do horizonte, e a imensidão do mar, são suficientes. Aliás, quase nunca o são!!!

 
At 1:38 da manhã, Blogger clarinda said...

Duarte

Um desejo em forma de girassol é palpável e preciso. Nem todos os desejos o são. Texto muito bonito.

Um beijinho

 
At 6:53 da tarde, Blogger tb said...

:) Um beijo de girassol.

 
At 3:55 da tarde, Blogger Mim said...

Também gosto de girassois!!! :D

E ao contrário das outras flores, é "grande e forte"!!! O que quero dizer é que não transmite aquela ideia de fragilidade tão característica das flores, no entanto é tão bela!

Nunca a teria associado a revolução... mas é interessante a ideia!!!

 

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