domingo, abril 24, 2005

Teias da Evolução

Vou por aí despercebido, oiço vozes, rumores que testemunham idiossincrasias entorpecidas que tenho dificuldade em perceber. Oiço histórias mirabolantes, espanto-me com episódios imundos, vejo uma sociedade oca que consegue identificar-se com ditadores disfarçados de democratas. Assisto a pessoas, aparentemente inteligentes e lúcidas, deturpadas por ideias obsoletas, coleccionando ideais desprovidos de conteúdo. Não peço que se envolvam em causas, mas manifestem indignação. Ser solidário como José Mário Branco apregoou. A indiferença perturba-me. O facilitismo mais ainda. Passaram mais de 30 anos após o 25 de Abril e perduram dinossauros em cargos de poder executivo. Derrubamos um regime, rompemos com anos a fio de uma ditadura opressiva, mas após a catarse de Abril, deixamo-nos macular por exemplos absolutistas, por prepotências ignóbeis, por provas de insana dependência do poder, aliada a boçais provas de má educação. Alcançamos o direito de expressão cívica, expressa no voto, mas pactuamos cobardemente com a permanência de abutres tiranos no poder, alguns por períodos tão duradouros que se aprestam a aproximar perigosamente do recorde de Salazar. Estaremos perante reminiscências do passado? Fantasmas? Recaídas? Ou teremos a memória curta? Pacientemente alguns esperarão que, alguns deste rol anacrónico, caiam da cadeira. Será? Nestes anos foram-nos impingidos entretenimentos, para nos sonegarem distraidamente o direito à indignação e ao exercício pleno da Liberdade. Não temos tempo. O mundo corre velozmente e em vez de tentarmos sair da corrente diabólica que nos abalroa para o abismo, deixamo-nos levar passivamente por ela. Uma teia consumista deleita-nos os sentidos, e damos por nós mais embrenhados a observar as moscas que fremem nos fios, do que atentos ao rumo da Humanidade. Enquanto nos entretêm, os argutos engenhosos ludibriam, privam-nos os direitos, roubam-nos as terras, poluem-nos o ar que respiramos, espoliam a herança que recebemos de gerações passadas, tudo de forma impiedosa. Almejamos tanto o conforto e o poder que nos encerramos numa mundividência obtusa. Colmatamos carências pela fictícia satisfação do consumismo gratuito. Estamos menos solidários. Mobilizamo-nos por motivos fúteis, muitas vezes no seguimento de um vil profeta brasileiro que, ciente da carência que nos assola, estala os dedos com oportunismo e prega-nos uma diarreia de portucalidade saloia.
Soltem-se as amarras! Libertemo-nos! Vivamos Abril e avivamos as nossas memórias e as conquistas que devem recrudescer a vida lusitana.
Até já Portugal! Vou ali e já volto.

3 Comments:

At 9:47 da tarde, Blogger VFS said...

Este mundo virtual, dos blogues, constituem uma evasão ao claustro lúgubre e exíguo, onde se amontoam mentes putrefeitas. O jardineiro prestidigitador procura manietar as mentes e impedir que medrem. Por isso, soltámo-nos e sentimo-nos, quase, densenraizados... É um bom sentimento. Um abraço madeirense.

 
At 10:15 da manhã, Blogger clarinda said...

Duarte,
Estamos em Maio mas este texto mantém a actualidade. O partilho o que dizes sobre as desilusões de Abril. Acho que está na hora de fazer um balanço de trinta anos. Como na outra canção: Quis saber quem sou/ o que faço aqui/ quem me abandonou/ de quem me esqueci...

Um beijinho

 
At 6:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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