Rio Sinfónico
Rio que cantas,
Recordado no silêncio deste prelúdio,
Acolho-te de mansinho…
Sinto o teu respirar
Nesta névoa que me gela o mal
Contemplo-te com amor…
Rio que encorpas vida
E deslizas com lisura
Compaginando margens
Ladeadas de choupos e juncos
Ataviando planícies,
Unidas por pontes
Atravessadas por gentes lúgubres e afáveis.
Oiço a cadência desta sinfonia
Ao sabor deste rio que não cessa
De menino, se ergue…
A voz do vento que a música entoa
Que desconcerta…
O sopro das flautas
Imitando o sussurro sibilante
De harmonia vigente.
Antevejo neste som,
O aproximar de uma cidade
Recortada pelo rio que segue nestes vales
O Norte aproxima-se…
Oiço a ira dos tambores,
Os arcos dos violinos acenam
Em escaladas mais frenéticas…
A música saudando o refúgio
Depois da Boémia enlevada.
Num arrepio…
Empresto a alma ao rio
E na paz que dele recolho
Saboreio frutos melodiosos
Inspiradores de poetas,
De doutos compositores
Mozart, Smetana, Dvořák
Vejo pinturas, arte avulsa
Ruas de uma cidade encantada
Ali, recostado no muro da ponte
Sonhando com o regresso
Deixando desfiar esta música,
Dentro da minha saudade.
Foto e poema: Duarte Olim
17 Comments:
As saudades que eu tinha de ler um poema seu! E eis que ele aqui está!
Passa-nos um sentimento de nostalgia e profundo sentir.
Aliou o ritmo da natureza aos compositores... à vida!
Achei maravilhoso. Como sempre!
O livro para quando?...
Beijinhos.
Duarte, um bom trabalho onde as palavras irradiam da sua junção uma melodiosidade serena, como um correr de água. Além disso devo dar-te os parabéns também pela foto, direi um post 100% Duarte Olim. Beijinhos.
Hoje mesmo o Desfiladeiro, estará linkado no nosso AQUI.
Amigo Duarte
Também aqui encontro sempre a natureza pintada com letras, docemente enrolada em melodia.
E por isso revejo-me em muito do que escreves.
"Num arrepio…
Empresto a alma ao rio
E na paz que dele recolho
Saboreio frutos melodiosos
Inspiradores de poetas"
Emprestar a alma ao rio e dele recolher paz. Perfeito. Haverá pensamento mais belo?
PS - esqueci-me de te dizer, o poema Outubro que escrevi, começou por ser inspirado numa frase do teu "Épica Desventura", nomeadamente "Não sonham como os poetas, não amam como os cetáceos, não voam livres como os albatrozes".
Acabou por divergir, no entanto, pois o pensamento assume rumos que só a noite molda.
Mas fica o "agradecimento" pela inspiração.
Abraço
Olá! =)
Gostei muito de visitar o teu blog!
O poema encantou-me!Está Lindo e a imagem também!
*^*^*^
Também eu, não poderia passar por aqui , sem expressar a minha opinião . Meu amiguinho João... fiquei rendida perante a intensidade das palavras "(...) Num arrepio... Empresto a minha alma ao rio (...)"FABULÀSTICO!!!excelente qualidade ... clap!clap!clap! :)
beijinho
Di...
Olá Duarte!!
AS tuas palavras fazem mesmo parte desse rio sinfónico que encanta os meus ouvidos!!!
Adorei ler-te mais uma vez!!!
Boa photo!!
Beijos
Duarte!
Muitos Parabéns por este poema.
Está lindo.
parece-me que a música nos é terreno familiar e comum. talvez isso te tenha levado à extensa madrugada. se assim foi, talvez queiras saltar ao meu outro lado, www.somdosdias.blogspot.com
obrigado pela visita. voltarei. abraço. J.
Duarte
É de facto uma verdadeira sinfonia - num conjunto de sons vindos da voz do rio.
E tu pautaste com a tua maravilhosa escrita. Parabéns!
Beijinhos
Bfs
Um rio de sons, uma sinfonia de palavras. As tuas.
Belo o teu poema ao rio, Duarte.
Um beijo.
Olá Duarte,
Os lugares que nos marcam e que nos despertam saudade, muita saudade sem sabermos bem de quê.
Uma música para uma cidade e um rio.Nunca lá fui, nem sei se irei, mas também tenho saudades.
Um beijinho
curiosamente, não é do Danúbio que sinto saudades. Viena, encanta mas prefiro Praga, e o seu rio. nele me reencontro...
intensa sensibilidade poética, Duarte. poema descenco com as águas do rio, desse que recordas. ao som de melodias belissimas.
beijos.
desculpa, é descendo...
senti toda essa poesia musical das águas... =)
Gostei muito da combinação fotografia/poesia.
Abraço
Duarte
Passei aqui pelo teu "rio" iluminei o olhar... e deixo
Um beijo
Duarte,
Nunca pude comentar este poema, apesar de já o ter lido várias vezes. Ele é um cântico onde as plavras apenas formam a pauta...uma pauta que não me canso de ler!
Beijo
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