Porto de Abrigo
Procuro-te na vastidão do mundo, encontro-te no sorriso de uma criança, busco-te no afago caloroso de dois anciãos amigos que, na velhice, espreitam o encerrar do pano. Procuro-te por azimutes incertos, galgo montanhas, faço imprecações ao céu que, inclemente, me riposta com a luz do seu astro, ofuscando-me o olhar. Meço o desfiladeiro que sulca a montanha dos meus sonhos, e na minha vertigem, deixo o meu fantasma obscuro resvalar até ao fundo. De lá, sibila o vento e sussurra-me o sonho, foragido, imperceptível e intrincado na penumbra do açoite. Liberto-te fantasma e inicio a travessia do desfiladeiro. Vou sem medo, destro, com a magia que aquela alma me inculcou no coração. Encontrei-te! Dou por mim levitando. No fundo do mundo, vacilo e a harmonia em meu redor ganha contornos periclitantes. Vocifero desassossego, mas, em desespero, lembro-te outra vez. És tu! Dirijo os meus pensamentos para ti e pouso no remanso do teu colo. O meu coração encontra a concavidade do teu braço que me acolhe. Olho de revés para a ravina, e, volvendo o olhar para a planície, espraio os meus sentidos. O mar resplandece, e por entre a bruma, distingo uma criança, correndo para mim, sorrindo-me. Estremeço! Sou eu, miúdo, que sigo no meu encalço. Retomo o caminho, desconcertado, estarrecido. Inclino-me para uma luz que raia lateralmente. Viro-me e ao meu lado segue, serena, uma mulher doce e bela. Ela observa-me, esboça um sorriso e olha em frente, como que a indicar o caminho. Ruborizo. Extasiado, prossigo com a coragem heróica, qual guerreiro de batalhas perdidas, injustas, revigorado pela ousadia corajosa de não querer voltar a perder. Pelo amor ausente.
12 Comments:
continua assim, continua com a euforia que invade a tua alma, para produzires tal texto.
Continua a seguir o espirito q te eleva a escrita, que te faz mover a mão para esse dom incrivel que so alguns possuem.
Nao partas, nao deixes essa maneira de ecrever, pela qual tive ate agora a decifrar !
Cada texto teu é um porto de abrigo onde gosto de me acolher.
Obrigada e um beijo para ti, Duarte.
Duarte,
O que posso dizer perante este texto? Faltam-me as palavras... Está belo e é sem dúvida resultado de uma torrente de sentimentos que só as almas sublimes conseguem traduzir desta maneira.
Um beijo.
Rute G.
Duarte,
Não sei se andarás por estes lados do norte.
Seja como for , vim ler hoje o que escreveste. Lembras-me o D. Quixote, livro qu estou actualmente a ler. És um sonhador a sobrevoar o mundo e a colar-lhe os teus desejos. Bom exercício de escrita. É preciso mais.
Um beijinho
Procuro-te na vastidão deste mundo desconhecido, para te agradecer as palavras que me deixaste.
Um beijo, Duarte.
Duarte,
impressionante!
que pena que nao conheco o portugues bastante para compreender este texto melhor... gracas a ti, tenho mais ganas de estuda-lo!
(mas si isso ajuda para compreender a profundidade, nao sei..:-)
beijinhos!
Basia
BOM FIM DE SEMANA prolongado! ____________888888____________ ____8888___88888888___8888____ ___888888_8888888888_888888___ ___888888888888888888888888___ ___888888888888888888888888___ ____8888888888888888888888____ _____88888888888888888888_____ _______8888888888888888_______ _________888888888888_________ ______________**______________ ____####______**______####__ ___#######____**____####### ____#######___**___#######_ ______######__**__######____ ________#####_**_#####_______ __________####**####__________
Um beijinho
Tenho saudades de te ler.
Deixei-te um presente na encosta.
Beijinhos.
Tens uns texto maravilhosos!!
Buscas a inspiração nas belas paisagens madeirenses?
Amigo Duarte,
Tenho estado ausente, mas sempre volto ao desfiladeiro.
Como poderia não voltar? As tuas palavras são um repasto para os sentidos.
Abraço
A grandeza da palavra num texto de sentimentos tão próximos dos meus. Uma sensação muito próxima de estar perto de alguém conhecido. De um “velho e bom amigo”.
Magnífico!
Nunca comentei um Blog desta maneira!
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