Anoitecer
Arrasto os meus despojos
Nas energias que sobejam do dia
Repouso,
Nos resquícios do crepúsculo
Amarfanhado pelo incêndio do horizonte
Que se apaga e recrudesce a minha deriva.
Desprendo os meus pensamentos
Na vencida malha da razão
E verte do meu âmago,
A bonomia ingénua
Que jorra sem filtros argutos
Vergados por uma jornada
De cansaço inexorável
Oh! Que adágio sentido
Que irrompe do coração sadio.
Solto a minha alma
Na noite das bruxas
Entrecortada por aturdidos morcegos
Prenunciando desgraças
Agoirando a noite de medos
Impermeável aos cortinados
Que velam intimidades e carícias
Nos vales e cumes do pecado.
Desprotegido,
Permaneço na noite
Na toca que me abriga
Por entre páginas de letras
Escalas de música,
Poemas de outras eras
Preocupações estúpidas
Zumbidos de mosquitos
Que me azedam.
Na antena,
Debitam conversas soltas
Que amaciam o peso das horas
E tardiamente,
Galga a aura do sono,
Pelo meu corpo acima
Num calor que me trespassa a essência
Mantas que me envolvem
Pálpebras capituladas que se aproximam.
Foto e Poema: Duarte Olim
7 Comments:
Olá Duarte,
Que bom é descansar mesmo!
Um beijinho
genialmente escrito e descrito esse apagar de dia, crepúsculo e pálpebras....
é um prazer sempre renovado vir até aqui.
beijinho
teresa
repousei nos teus versos
abriguei-me no teu poema
e adormeci no calor das tuas palavras
que bem escreves Duarte, um belo descansar
beijinhos meus
lena
belos os teus poemas :)
beijos, betty
Bonito este teu poema.
Ausentei-me durante uns tempos devido aos exames, mas soube bem regressar para deparar-me com estes versos.
Um abraço.
já passaram muitos anoiteceres e vim ver se já tinha amanhecido por aqui, para de novo amanhver nos teus versos
ficam beijinhos meus
lena
Uma serena foto do anoitecer, em suave poética.
Beijinhos.
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