domingo, dezembro 18, 2005

Fortim



Do cume do pico
Assomou, a mando do zelo
O fortim dissuasor
Das invasões de outrora
Retidas nas memórias destes muros,
Erguidos por medos
Fitos de vigia e defesa
Que o povo alçou,
Contra os saques de vergonha
De investidas de corsários e piratas
Barradas por galhardia
Precavidas por este forte
E por outras valentias.

Existiu,
Virado para o mar,
De janelas atentas
Olhos projectados no horizonte
Vigilante nas horas soturnas da noite
Fixado nas luzes que tremeluziam na distância
Que, por estrelas se confundiam
Da arriba para o mar,
Do penedo para o pico
Deste forte ataviado de ermos postigos
Frios como a nortada
Que entranha nesta rocha crua
Como o perigo pavoroso
Que trespassa a alma
E angustia o povo.

Sucumbiu,
Erguido neste monte
Espraiando para o mar
As paredes escuras, desnudadas
Esta maresia que corrói lentamente
O esqueleto basáltico que sustenta
Até a queda paulatina
De pedra sobre pedra
Desfigurando o rosto de abrigo
Desatento,
Martirizado pela penumbra do abandono
Sobranceiro do mesmo rumorejar deste mar,
Deste ciciar que devolve a alma
Deste tecto desabado que devolve o céu.

Foto e Poema: Duarte Olim
Publicado em Revista Ilharq Nº5

7 Comments:

At 6:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Amigo Duarte,
Parabéns pelo poema e pela sua publicação.
Espero que seja o primeiro de muitos.
É sempre bom vermos o nosso trabalho reconhecido pelos nossos.
Também tive a notícia, há poucos dias, que um poema meu havia sido publicado num jornal de aqui perto. Para ver como as coisas são.. ainda não sei sequer qual o número, nem o nome do mesmo. Foi um amigo que me contou pois acompanho sempre os meus poemas com uma foto dele. E olhe…
Também, aproveito esta ocasião para lhe desejar um Feliz Natal e um Bom Ano Novo. Que a poesia caminhe sempre do seu lado.
Beijinhos.
Boas Festas.

 
At 3:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O "Fortim" do Olim.
Mantém-te sempre fiel ao teu estilo ;)
Parabéns também pela publicação do poema na revista.

 
At 1:16 da tarde, Blogger Ana said...

Parabéns, Duarte, pelo poema , pela foto... e pela publicação! Merecida!
Deixo-te votos de bom Natal e um ano cheio de realizações pessoais.
Um abraço com amizade.

 
At 4:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Querido Duarte,

Fiquei muito feliz com a publicação deste teu poema. É a consequência natural da tua paixão pela escrita, que tão de perto tenho acompanhado nestes últimos meses. :)
Desejo-te muita inspiração para o ano 2006, para que nos continues a deliciar com a tua escrita.

Um beijo grande,
*** ****

 
At 4:35 da tarde, Blogger musalia said...

temos coisas publicadas e não contávamos a ninguém? muitos parabéns, Duarte!
beijos e desejos de Feliz Natal.

 
At 7:03 da tarde, Blogger Caracolinha said...

Saída directamente da casquinha para deixar os desejos de um NATAL cheinho só de coisas boas ... tudo, mas tudo o que houver de melhor são os meus mais sinceros desejos.

Uma beijoca encaracolada em forma de bola de Natal :)

 
At 12:05 da manhã, Blogger clarinda said...

Olá Duarte,

Existiu e sucumbiu. A sua existência foi majestosa e sucumbiu ao tempo, como tudo.

Que esta época seja para ti um momento de alegria e paz.

Um beijinho

 

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