quinta-feira, janeiro 05, 2006

Madrugada de Cristal

Ociosamente,
Irrompe a aurora lívida
No vigor do canto dos galos
Às desgarradas
No cenário silencioso da manhã,
Bucólico,
Nas linhas paralelas sulcadas pela luz dos tapassóis
Do Sol que se alevanta
Sorrindo alvura,
Nas paredes foscas
Para onde descerro as pálpebras
Esquadria pura que alumia
Tépida luz do novo dia.

Passou mais um ano,
O mundo gira impassível à efeméride
Pincelado por relampejos de artifício
Multicolores…
Alcandorados no urbano
Excessos de um laivo humano
Repleto de desejos, promessas desvairadas
Meneadas por álcool e vícios mil
Sonhos insuflados de fugacidade
Esboroados no seguir.

De expressão risível
Escarnece das convenções,
Aliena as mentes combalidas
No ano do Tudo,
No reinício da mediania
Amarfanhada por esse passado
De futuro inopinado.

Liberta-te do mundano,
E o ano será de oiro
Entranha-te nas teias da ganância,
Retoma o teu andar de burro.

Duarte Olim

3 Comments:

At 9:48 da manhã, Blogger clarinda said...

Duarte,

Foi apenas uma 'madrugada de cristal' no 'ano do Tudo' mas esse tudo são desejos que engolimos com as passas e os que acontecem na vida real, tontos que somos, pensamos ser desejos e são apenas o destino.

Um beijinho

 
At 12:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ora aí temos o nosso Duarte!
Um começo de manhã sobrando a luz e depois… a luminosidade de um grito que há tanto tempo eu desejava ouvir.
Amigo Duarte, que Deus lhe conserve a voz para que esse grito se possa sempre ouvir.
“Liberta-te do mundano,
E o ano será de oiro
Entranha-te nas teias da ganância,
Retoma o teu andar de burro.”
Por momentos um inconformado António Aleixo soou-me ao espírito!
Excelente, como sempre!
Beijinhos.

 
At 3:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois é Duarte, são os nossos gritos calados...

 

Enviar um comentário

<< Home