Mar de Saudade
Tinge-se a atmosfera parda
Da serra caída no litoral costeiro,
Sorri na bruma do mar
Esbate-se o negrume, na silenciosa brisa
Da arriba da ilha
Húmida sensação, recôndita nostalgia.
Das ondas passadas,
Ponteiam as pedras no fundo…
Basaltos inesperados
Assomando sobre o manto marinho
Submersos ao acaso…
Indicando o destino?
Minha ânsia desmedida
Vê um mar imenso, de salpicos encruzilhados
De pedrinhas à tona na praia,
Replicadas na lonjura do horizonte
Caminho desamparado
É esse que procuro no íntimo.
Uma fuga?
Não! Um reencontro…
Saltitava sobre estas pedras,
Num equilíbrio circense louco
Para ousadia desta cruzada
Ou forma destemida
De atravessar este mar de uma passada.
Do lado de lá,
Sei-te algures presente
Invoco a minha fé,
Precária para andar sobre as águas
Epopeia bíblica, ensejo demente
Resta-me equilibrar nestas rochas…
E de salto em salto
Chegar até à lusitana costa.
Arrisco-me a esta façanha,
Ao invés destas saudades
Que me consomem na ilha
Num vagar cadente de mar,
Ondulação insistente
Retiro penoso, de esperança e assentimento.
Foto e poema: Duarte Olim
26 Comments:
Duarte,
A foto é lindíssima. É este outro lado dos lugares que eu gosto de conhecer.
Este poema é uma exortação à coragem da plenitude do momento.
No livro Vol de Nuit, Saint-Exupéry
coloca a personagem neste dilema e a personagem escolheu como tu, só que em vez de caminhar sobre as águas foi um voo sem fim.
Nem preciso de dizer mais nada.
Um beijinho
Olá Duarte,
Belo espaço que aqui tens!
Obrigado pela visita.
Grande Abraço,
Dos doces sentires vem o embalo da alma...
sentimento. quimera...
Olá Duarte
"Cheira" a maresia o teu poema.
Da montanha até ao mar
levando no bolso
pedaços de palavras
sentires...
coração que voa
até à conhecida porta
saudade...
Um beijo
Amigo Duarte
Diria que tu e a natureza são um só! Creio que, se pudesses, entrarias pelo mar e só pararias quando retornasses ao mesmo ponto de partida, após milhares de léguas em comunhão com as águas.
E talvez nem assim cessasse a tua jornada.
As constantes referências ao (cada vez mais escasso) etéreo intocado que nos rodeia, fazem das tuas palavras verdadeiros quadros bucólicos.
Li os restastes posts que me faltavam ler (Fortim, Aceno, Alma de Nada e Madrugada de Cristal) e aproveito desde já para congratular-te pela publicação do teu trabalho na revista. Será certamente um motivo de orgulho para ti, e é sem dúvida um motivo de grande satisfação para nós, os teus leitores.
Creio que o teu "Alma de Nada" será o que mais se afasta dos restantes (talvez também em parte por ser prosa), mas também nesta dificuldade em te encontrares, deixas-nos o mar como ponto final. Belo!
Abraço
De saudade é o poema e a atmosfera cinzenta da foto.
De beleza e esperança o meu reencontro com as tuas palavras.
Um beijo, Duarte.
Lembraste-me nestes últimos versos Camões.
Adorei!
A foto é lindíssima!
Beijinhos.
sempre a saudade imensa de alguém, longe e perto, ao mesmo tempo. a ilha como refúgio, castelo, fortaleza. e o horizonte como lbertação da alma.
beijinhos.
Gostei da tua poesia.
Beijos, Betty :)
Me apeteceu. Voltarei mais vezes. Já está nos meus favoritos!
Abraço
Primeira visita a este teu espaço, mas irei voltar, sem duvida.
Bom trabalho.
Se o Mundo se acabasse hoje...quem quererias ter do teu lado?
BShell
Disse que voltava e cá estou, vim agradecer o visita e as palavras.
Vim à procura de novidades, mesmo sem as encontrar foi bom reler-te.
Um abraço
junto ao mar... um poema.
uma entrega :)
Duarte, o continente aguarda o teu regresso, mas talvez seja melhor vires de avião! :)
Parabéns pelo blog, pelos textos e, sobretudo, pelo inegável talento!
Um grande abraço!
Duarte
Aqui fica um beijo e um :)
Querido Duarte,
Já tinha saudades de te ler. Passei para ver as novidades e para te deixar um beijo. :)
*** ****
Fascinante poema e excelente imagem tens um talento fora de série. Beijinhos e BFS
Pois ... o mar ... assim como as tuas palavras ... uma autêntica terapia ... :)
Beijinho encaracolado :)
Querido Duarte,
Verso a verso deixas impresso um ritmo que marca o caminhar das letras em busca do sentido de suas vidas, antes mesmo de formarem palavras.
Bem hajas!
1 Bj*
Luísa
Mais um post 100% Duarte.
Destacarei,
"Do lado de lá,
Sei-te algures presente
Invoco a minha fé,
Precária para andar sobre as águas
Epopeia bíblica, ensejo demente
Resta-me equilibrar nestas rochas…
E de salto em salto..."
Bonito trabalho. Ficarei à espera de mais trabalhos. Beijinhos.
Estas imagens de mar deixam-me tão melancólica...
O poema é muito bonito...
Beijocasssss
É a minha primeira visita a este seu espaço e adorei!
Parabéns
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