quarta-feira, março 23, 2005

Palavras Moribundas

Escreve-me palavras. Segue-me pela vida, não esmoreças. Lê-me as letras que dos olhos irradio. Vem, lê o meu conto, este fragmento de mim. Voa, abandona a frieza áspera da vida insana, e segue comigo por este caminho. Esquece as palavras, não te escravizes das letras que soltaste. Liberta-te. Deixa a pontuação livre, faz com que ela te force a parar noutros miradouros, deixando-te contemplar novos horizontes. Descobre. Faz outras pausas. Vive. Não fiques triste. Escreve o que entenderes, deixa que te leiam, mas não mostres a todos o que és. A escrita indelével é a que te vem sendo escrita na alma. Preocupa-te com ela. A outra, admira, aperfeiçoa, mas vive o amor, vive a existência e não deixes que a penumbra da perfeição te ceife cegamente os sentidos. Os teus dias. Aventura-te, vai, escreve palavras noutras almas. Deixa a tua marca, aliena-te da mecanização do ser. Sê tu próprio. Grava o teu sentir e saboreia a plenitude da vida. Sonha com a magia de uma mulher que lê os teus mais belos textos. Os manuscritos da tua alma.

domingo, março 13, 2005

Moldava


 Posted by Hello
Algures imerso no lugarejo,
Neste tempo de aqui,
Do amanhã que não chega
Deste rio de águas calmas que desce afagando o leito
Trespassado com recato
Pelos pilares das suas pontes,
Que enleiam as margens
E saúdam a cidade.

Deste tempo que é meu
E de mais ninguém,
Neste lugar escondido
Onde me isolei,
E guarneci de vivências,
Imerso na ausência
Embevecido pela tua calorosa presença.

Tranquilo e silenciado,
Prezei a música,
Que vertia da tua ponte mais bela.
E enleado pela melodia,
Seguiste sereno rio,
Deixando ecoar a música
Nas tuas margens de mansinho.

Anda,
Vem comigo
Ensina-me a viver.
Voa até ao amor,
Ensina-me a amar,
Na madrugada fria,
Que aconchego me dás meu saudoso rio.

Poema e imagem: Duarte Olim