Palavras Moribundas
Escreve-me palavras. Segue-me pela vida, não esmoreças. Lê-me as letras que dos olhos irradio. Vem, lê o meu conto, este fragmento de mim. Voa, abandona a frieza áspera da vida insana, e segue comigo por este caminho. Esquece as palavras, não te escravizes das letras que soltaste. Liberta-te. Deixa a pontuação livre, faz com que ela te force a parar noutros miradouros, deixando-te contemplar novos horizontes. Descobre. Faz outras pausas. Vive. Não fiques triste. Escreve o que entenderes, deixa que te leiam, mas não mostres a todos o que és. A escrita indelével é a que te vem sendo escrita na alma. Preocupa-te com ela. A outra, admira, aperfeiçoa, mas vive o amor, vive a existência e não deixes que a penumbra da perfeição te ceife cegamente os sentidos. Os teus dias. Aventura-te, vai, escreve palavras noutras almas. Deixa a tua marca, aliena-te da mecanização do ser. Sê tu próprio. Grava o teu sentir e saboreia a plenitude da vida. Sonha com a magia de uma mulher que lê os teus mais belos textos. Os manuscritos da tua alma.