Traz Outro Amigo Também

Ouvi-te na sedimentação do meu ser, e contigo assimilei princípios que evocavas nas tuas canções: cantaste Abril, cantaste a liberdade, cantaste o amor, cantaste a poesia, cantaste Portugal e cantaste um espírito perdido, uma significação partilhada que era a solidariedade, perdida na avareza liberal, no que ao betão chamaram desenvolvimento.
Que falta nos fazem cantores de intervenção, cantores universais por causas germinados, cantores que reclamem a harmonia, trovadores que gritem Liberdade! e desmascarem esta farsa de democracia apelidada, que acentua o fosso entre pobres e ricos, que da impunidade e dos vícios, alimenta boçais fascistas, e do populismo, irmana uma religião insana, putrefacta e ufana.
Sedentos de amigos estamos, que evoquem os teus ideais e tragam outro amigo também para esta luta, pela liberdade ameaçada todos os dias, pelo futuro, pelo nivelamento desta sociedade pervertida por assimetrias obscenas, Vem! traz outro amigo também e não tenhas medo da verdade; dignifica a voz, a mensagem, a coragem, o desígnio de José Afonso.